sábado, 9 de março de 2013

Gettysburg

Terça-feira, 26 de fevereiro
Taradismo
A gloriosa Igreja Católica está mesmo com problemas sérios a resolver. Não bastasse a iminente eleição de um novo comandante geral, crescem os desconfortos com o comportamento de alguns prelados de alto a baixo na sua escala hierárquico-religiosa. Hoje saiu a notícia de um padre de Niteroi, no Estado do Rio de Janeiro, acusado de abusar sexualmente de uma menina de dez anos de idade. Conforme a denúncia, o padre Emilson Soares Corrêa, de 56 anos, foi surpreendido quando apalpava lascivamente as partes íntimas da menina, em pleno interior da igreja em que atua.
No decorrer das investigações, ficou demonstrado que o padre Emilson, além do abuso com a menina de dez anos, vinha, há mais de três mantendo relações sexuais com a irmã dela, hoje com 18 anos de idade.
Entre veados e tarados, a Santa Madre precisa mesmo expurgar-se para não chegar ao ponto de apresentar mais demônios que anjos a dirigir-lhe os destinos.
Gettysburg
Vi ontem os resultados do Oscar-2013, a premiação dos melhores do cinema norteamericano. Só vi os resultados pelos jornais, que não sou muito chegado a zumbaias, mesmo quando a atriz vencedora cai na escada e quase escancara geral o “lado bom da vida” (afinal não visto graças ao seu longo vestido). O filme “Lincoln”, que assisti em Porto Alegre, não fez jus às indicações, ficou só com o prêmio de melhor ator e talvez algum outro quesito secundário que nem conferi.
O que me motiva a escrever este texto é, na verdade, um assunto de outra ordem. Ao relembrar o filme histórico, a recordação trouxe junto um episódio que li algum tempo atrás, sobre os fantasmas de Gettysburg. Se a velha memória ainda não me abandonou por completo, foi esse mesmo o título da matéria que li. Vou contar, resumidamente. Antes, porém vou esclarecer: “O lado bom da vida” é o título do filme estrelado pela atriz Jennifer Lawrence, que ganhou o título de melhor atriz e que, de fato, se estatelou na escada de acesso ao palco quando foi chamada para receber o prêmio. “O lado bom da vida” também foi levou o prêmio de melhor filme. Vamos à história prometida:
Em Gettysburg, no Estado da Pensilvania, foi travada a mais cruenta batalha da Guerra Civil norteamericana, no ano de 1863. Soldados do Norte (escravocrata) e do Sul (abolicionista) dos EUA se envolveram na refrega por três dias a fio, resultando num saldo enormemente trágico: cerca de 150 mil homens perderam a vida, a maioria deles das tropas sulistas. Foi nessa batalha que se desenhou o destino da Guerra Civil. Os sulistas passaram a perder terreno gradativamente, a partir de Gettysburg. No fim do mesmo ano de 1863 foi oficialmente inaugurado o Cemitério Militar de Gettysburg, onde foram sepultadas quase todas as vítimas do conflito. Na inauguração, o presidente norteamericano de então, Abraham Lincoln, pronunciou um discurso que se tornou lendário e atualmente é ensinado às crianças nas escolas públicas dos EUA.
Gettysburg é hoje um Parque Nacional, criado especialmente em razão da batalha que lá aconteceu. Atrai milhares de turistas de todas as partes do mundo, e as escolas de todos os Estados Unidos mandam seus estudantes para lá, onde aprendem algo a mais sobre a história da guerra que marcou indelevelmente a pátria norteamericana. O lugar oferece atrativas belezas, como extensos gramados e bosques com frondosas árvores, campos onde as pessoas podem passear a pé ou de carro pelos lugares onde se desenvolveu a batalha e ver de perto as peças militares usadas na época – canhões, carroças e um sem-número de utensílios de guerra. Tudo isso com acompanhamento de guias e contadores de histórias. Mas há uma atração extra para quem visita o Parque Nacional de Gettysburg: os fantasmas.
Para atrair turistas e oferecer-lhes um entretenimento extra, autoridades que administram o Parque criaram os reenactors, atores que encenam cenas históricas, como tiroteios havidos na batalha e outros episódios de interesse, muitas vezes interagindo com os visitantes. Tudo de mentirinha, claro, mas de aparência muito real. Os atores se vestem como os soldados da época, portam suas armas pessoais, arrastam os canhões com a ajuda de cavalos e por aí afora.
O inusitado veio à luz quando vários visitantes passaram a contar histórias de contato com os reenactors que não estavam no script. Por exemplo: uma senhora disse ter estado ao lado de um tronco de árvore quando começava a escurecer, ocasião em que atendeu a um soldado ensanguentado que se aproximou cambaleando e lhe pediu um gole da água mineral que (ela) estava tomando. A mulher acreditou, naturalmente, tratar-se de um ator caracterizado. Deu a água ao pedinte e se afastou alguns passos, olhando para o outro lado, onde seus filhos brincavam no gramado. Quando se voltou, o soldado havia desaparecido e a garrafinha de água mineral estava depositada sobre o tronco, sem nenhuma gota do líquido que tinha quando a entregou ao soldado. Ela estranhou o fato, mas acabou achando tudo natural, pois o ator estava fazendo mesmo o papel de um fantasma, então seria muito lógico que tivesse desaparecido daquela maneira. Quando contou o caso na administração do Parque, elogiando a iniciativa de envolver os visitantes na história da batalha, ela foi informada de que nenhum reenactor caracterizado como soldado ensanguentado estava desempenhando algum papel naquela tarde.
Em outra ocasião, nas primeiras horas de determinada manhã, um grupo de diplomatas estrangeiros visitava o Parque em missão oficial e estava sobre um outeiro quando avistou, a uma certa distância, uma tropa de soldados marchando ordenadamente numa determinada direção, ao som de marchas militares provindas de algum lugar não percebido. Maravilhados, ficaram olhando a coluna marchar até desaparecer no horizonte, atrás de outra colina. Mais tarde comentaram a visão com os administradores e ficaram perplexos ao saber que não havia coluna alguma de reenactors marchando no Parque naquele dia.
Em mais um episódio, um adolescente de 17 anos estava no Parque com a família quando decidiu adentrar sozinho num pequeno bosque. Como se demorava a voltar, a família começou a procurá-lo, já aflita. Mas o rapaz havia desaparecido. Decorridos cerca de 40 minutos, eis que reaparece o jovem, todo ferido, com hematomas e sangrando em vários locais do corpo. Indagado, ele disse ter tido, logo após ter entrado no bosque, repentinamente, a sensação de que não mais estava entre as árvores, mas sim, em outro lugar, onde havia muitos cadáveres espalhados. De repente ele sentiu um golpe na cabeça, que o derrubou no chão. Não conseguiu definir de onde veio o golpe. Depois de ter se levantado, recebeu mais um forte murro no rosto, também de origem desconhecida. Novamente caído, recebeu uma saraivada de chutes no rosto, nas costas e na barriga, até desmaiar. Por mais que fosse interrogado, não conseguiu dizer quem (ou o que) o havia atacado. Dizia apenas ter tido a sensação de ter sido atacado por seres invisíveis. E acrescentou ter imaginado não se tratar de apenas um, mas de uns três indivíduos, pelo menos. Depois de recuperar os sentidos percebeu novamente estar no bosque, perto da entrada da trilha pela qual havia entrado. Cambaleando, conseguiu sair e reencontrar os familiares.
Existem outros casos estranhos envolvendo o Parque de Gettysburg, como estranhos sons ouvidos à noite nas dependências de um hotel com vista privilegiada para uma das áreas mais visitadas. Sons – inclusive de tiros – que se repetem regularmente em determinados dias e horas e não são produzidos por nenhum ser vivente.
Os casos realmente podem não passar de encenações oficialmente desmentidas pelas autoridades, ou ainda ser fruto da imaginação das pessoas. Mas os responsáveis pelo Parque juram por todos os santos que muitos dos fatos relatados não são produzidos artificialmente, embora concordem que exista o teatro. As ocorrências já mobilizaram autoridades federais dos EUA que fizeram minuciosa investigação, comprovando que, realmente, os reenactors não estavam em ação nos dias apontados nos relatos.
Estudiosos espíritas analisaram casos e versões, visitaram o Parque por longos períodos e concluíram que realmente é viável a ocorrência de fatos sobrenaturais no local, em função do grande número de homens mortos na batalha, de forma particularmente horrenda. O local estaria repleto de espíritos que ainda não encontraram a paz “do outro lado” e continuam perambulando pela área à procura de alguma coisa. Nem que seja um simples gole de água.
Dorinha
Minha neta Dora, prestes a fazer seis aninhos, agora tem a irmãzinha Clara, que nasceu no dia 5 deste mês e está, portanto, completando gloriosos 22 dias de vida. Dizem que entre crianças pequenas é normal o ciúme de umas em relação a outras, e os pais da dupla Dora-Clara puderam constatar que não se trata de nenhum mito. Isso, apesar de Dora ser uma menina muito amorosa e cuidadosa com a irmãzinha, o que não impediu uma cena de emulação ocorrida ontem.
Como Clarinha vinha apresentando uns probleminhas digestivos, próprios de recém nascidos, os pais estavam demonstrando uma preocupação direcionada mais especificamente à pequenina. Dora não deixou de se manifestar diante do Papai e da mamãe:
- Agora é tudo Clarinha... é só Clarinha, Clarinha, Clarinha...
Diante das explicações de que a irmãzinha estava doentinha e requeria cuidados, além de ser ainda bem pequenininha, Dora não se abateu:
- É, mas eu cheguei primeiro nesta casa!

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