Terça-feira, 26 de fevereiro
Taradismo
A gloriosa Igreja Católica está mesmo com
problemas sérios a resolver. Não bastasse a iminente eleição de um novo
comandante geral, crescem os desconfortos com o comportamento de alguns
prelados de alto a baixo na sua escala hierárquico-religiosa. Hoje saiu a
notícia de um padre de Niteroi, no Estado do Rio de Janeiro, acusado de abusar
sexualmente de uma menina de dez anos de idade. Conforme a denúncia, o padre
Emilson Soares Corrêa, de 56 anos, foi surpreendido quando apalpava
lascivamente as partes íntimas da menina, em pleno interior da igreja em que
atua.
No decorrer das investigações, ficou
demonstrado que o padre Emilson, além do abuso com a menina de dez anos, vinha,
há mais de três mantendo relações sexuais com a irmã dela, hoje com 18 anos de
idade.
Entre veados e tarados, a Santa Madre
precisa mesmo expurgar-se para não chegar ao ponto de apresentar mais demônios
que anjos a dirigir-lhe os destinos.
Gettysburg
Vi ontem os resultados do Oscar-2013, a premiação dos
melhores do cinema norteamericano. Só vi os resultados pelos jornais, que não
sou muito chegado a zumbaias, mesmo quando a atriz vencedora cai na escada e
quase escancara geral o “lado bom da vida” (afinal não visto graças ao seu
longo vestido). O filme “Lincoln”, que assisti em Porto Alegre , não fez
jus às indicações, ficou só com o prêmio de melhor ator e talvez algum outro
quesito secundário que nem conferi.
O que me motiva a escrever este texto é,
na verdade, um assunto de outra ordem. Ao relembrar o filme histórico, a
recordação trouxe junto um episódio que li algum tempo atrás, sobre os
fantasmas de Gettysburg. Se a velha memória ainda não me abandonou por
completo, foi esse mesmo o título da matéria que li. Vou contar, resumidamente.
Antes, porém vou esclarecer: “O lado bom da vida” é o título do filme estrelado
pela atriz Jennifer Lawrence, que ganhou o título de melhor atriz e que, de
fato, se estatelou na escada de acesso ao palco quando foi chamada para receber
o prêmio. “O lado bom da vida” também foi levou o prêmio de melhor filme. Vamos
à história prometida:
Em Gettysburg, no Estado da Pensilvania, foi travada a mais cruenta batalha da
Guerra Civil norteamericana, no ano de 1863. Soldados do Norte (escravocrata) e
do Sul (abolicionista) dos EUA se envolveram na refrega por três dias a fio,
resultando num saldo enormemente trágico: cerca de 150 mil homens perderam a
vida, a maioria deles das tropas sulistas. Foi nessa batalha que se desenhou o
destino da Guerra Civil. Os sulistas passaram a perder terreno gradativamente,
a partir de Gettysburg. No fim do
mesmo ano de 1863 foi oficialmente inaugurado o Cemitério Militar de
Gettysburg, onde foram sepultadas quase
todas as vítimas do conflito. Na inauguração, o presidente norteamericano de
então, Abraham Lincoln, pronunciou um discurso que se tornou lendário e atualmente
é ensinado às crianças nas escolas públicas dos EUA.
Gettysburg é hoje um Parque Nacional, criado especialmente em razão da batalha
que lá aconteceu. Atrai milhares de turistas de todas as partes do mundo, e as
escolas de todos os Estados Unidos mandam seus estudantes para lá, onde
aprendem algo a mais sobre a história da guerra que marcou indelevelmente a
pátria norteamericana. O lugar oferece atrativas belezas, como extensos
gramados e bosques com frondosas árvores, campos onde as pessoas podem passear a
pé ou de carro pelos lugares onde se desenvolveu a batalha e ver de perto as
peças militares usadas na época – canhões, carroças e um sem-número de utensílios
de guerra. Tudo isso com acompanhamento de guias e contadores de histórias. Mas
há uma atração extra para quem visita o Parque Nacional de Gettysburg: os fantasmas.
Para
atrair turistas e oferecer-lhes um entretenimento extra, autoridades que
administram o Parque criaram os reenactors, atores que encenam cenas históricas, como
tiroteios havidos na batalha e outros episódios de interesse, muitas vezes
interagindo com os visitantes. Tudo de mentirinha, claro, mas de aparência
muito real. Os atores se vestem como os soldados da época, portam suas armas
pessoais, arrastam os canhões com a ajuda de cavalos e por aí afora.
O
inusitado veio à luz quando vários visitantes passaram a contar histórias de
contato com os reenactors que não estavam no script. Por exemplo: uma senhora disse ter estado
ao lado de um tronco de árvore quando começava a escurecer, ocasião em que
atendeu a um soldado ensanguentado que se aproximou cambaleando e lhe pediu um
gole da água mineral que (ela) estava tomando. A mulher acreditou, naturalmente,
tratar-se de um ator caracterizado. Deu a água ao pedinte e se afastou alguns
passos, olhando para o outro lado, onde seus filhos brincavam no gramado.
Quando se voltou, o soldado havia desaparecido e a garrafinha de água mineral
estava depositada sobre o tronco, sem nenhuma gota do líquido que tinha quando
a entregou ao soldado. Ela estranhou o fato, mas acabou achando tudo natural,
pois o ator estava fazendo mesmo o papel de um fantasma, então seria muito lógico
que tivesse desaparecido daquela maneira. Quando contou o caso na administração
do Parque, elogiando a iniciativa de envolver os visitantes na história da
batalha, ela foi informada de que nenhum reenactor caracterizado como soldado ensanguentado estava desempenhando algum
papel naquela tarde.
Em
outra ocasião, nas primeiras horas de determinada manhã, um grupo de diplomatas
estrangeiros visitava o Parque em missão oficial e estava sobre um outeiro
quando avistou, a uma certa distância, uma tropa de soldados marchando
ordenadamente numa determinada direção, ao som de marchas militares provindas
de algum lugar não percebido. Maravilhados, ficaram olhando a coluna marchar
até desaparecer no horizonte, atrás de outra colina. Mais tarde comentaram a
visão com os administradores e ficaram perplexos ao saber que não havia coluna
alguma de reenactors marchando no Parque naquele dia.
Em
mais um episódio, um adolescente de 17 anos estava no Parque com a família
quando decidiu adentrar sozinho num pequeno bosque. Como se demorava a voltar,
a família começou a procurá-lo, já aflita. Mas o rapaz havia desaparecido.
Decorridos cerca de 40 minutos, eis que reaparece o jovem, todo ferido, com
hematomas e sangrando em vários locais do corpo. Indagado, ele disse ter tido,
logo após ter entrado no bosque, repentinamente, a sensação de que não mais
estava entre as árvores, mas sim, em outro lugar, onde havia muitos cadáveres
espalhados. De repente ele sentiu um golpe na cabeça, que o derrubou no chão.
Não conseguiu definir de onde veio o golpe. Depois de ter se levantado, recebeu
mais um forte murro no rosto, também de origem desconhecida. Novamente caído,
recebeu uma saraivada de chutes no rosto, nas costas e na barriga, até
desmaiar. Por mais que fosse interrogado, não conseguiu dizer quem (ou o que) o
havia atacado. Dizia apenas ter tido a sensação de ter sido atacado por seres
invisíveis. E acrescentou ter imaginado não se tratar de apenas um, mas de uns
três indivíduos, pelo menos. Depois de recuperar os sentidos percebeu novamente
estar no bosque, perto da entrada da trilha pela qual havia entrado.
Cambaleando, conseguiu sair e reencontrar os familiares.
Existem
outros casos estranhos envolvendo o Parque de Gettysburg, como estranhos sons
ouvidos à noite nas dependências de um hotel com vista privilegiada para uma
das áreas mais visitadas. Sons – inclusive de tiros – que se repetem
regularmente em determinados dias e horas e não são produzidos por nenhum ser
vivente.
Os
casos realmente podem não passar de encenações oficialmente desmentidas pelas
autoridades, ou ainda ser fruto da imaginação das pessoas. Mas os responsáveis
pelo Parque juram por todos os santos que muitos dos fatos relatados não são
produzidos artificialmente, embora concordem que exista o teatro. As
ocorrências já mobilizaram autoridades federais dos EUA que fizeram minuciosa
investigação, comprovando que, realmente, os reenactors não estavam em ação nos
dias apontados nos relatos.
Estudiosos
espíritas analisaram casos e versões, visitaram o Parque por longos períodos e
concluíram que realmente é viável a ocorrência de fatos sobrenaturais no local,
em função do grande número de homens mortos na batalha, de forma
particularmente horrenda. O local estaria repleto de espíritos que ainda não
encontraram a paz “do outro lado” e continuam perambulando pela área à procura
de alguma coisa. Nem que seja um simples gole de água.
Dorinha
Minha neta Dora, prestes a fazer seis
aninhos, agora tem a irmãzinha Clara, que nasceu no dia 5 deste mês e está,
portanto, completando gloriosos 22 dias de vida. Dizem que entre crianças
pequenas é normal o ciúme de umas em relação a outras, e os pais da dupla Dora-Clara
puderam constatar que não se trata de nenhum mito. Isso, apesar de Dora ser uma
menina muito amorosa e cuidadosa com a irmãzinha, o que não impediu uma cena de
emulação ocorrida ontem.
Como Clarinha vinha apresentando uns
probleminhas digestivos, próprios de recém nascidos, os pais estavam
demonstrando uma preocupação direcionada mais especificamente à pequenina. Dora
não deixou de se manifestar diante do Papai e da mamãe:
- Agora é tudo Clarinha... é só Clarinha,
Clarinha, Clarinha...
Diante das explicações de que a irmãzinha
estava doentinha e requeria cuidados, além de ser ainda bem pequenininha, Dora
não se abateu:
- É, mas eu cheguei primeiro nesta casa!
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