sábado, 30 de março de 2013

Sexta-feira Santa



Sexta-feira, 29 de março
Dia santo para a Cristandade
A Sexta-feira Santa (hoje) é um dos feriados religiosos mais respeitados pelos cristãos. Cerca de um terço da humanidade venera este dia como sendo aquele que marca a crucificação de Jesus Cristo. Segundo os registros apostólicos, Jesus teria ressuscitado no terceiro dia após a sua morte, o que corresponderia ao Domingo de Páscoa.
Vale lembrar, entretanto que, se um terço da humanidade professa o credo cristão, outros dois terços vêem a religião sob putros prismas. Me lembra um ensaio que escrevi há cerca de um ano. Ei-lo:
Alguém pode ser considerado culpado pelo fato de ser baixinho? É óbvio que ninguém tem a estatura diminuída por vontade própria. Dependendo do caso – na maioria deles, presumo – a pessoa considerada teria até mesmo uma estatura relativamente elevada, se lhe fosse permitido escolher. Mas, enfim, a configuração do corpo é uma coisa que depende de fatores alheios ao arbítrio do cidadão. Assim como a cor da pele ou dos olhos e outras características físicas da anatomia. E se as características físicas são assim, que diríamos então dos predicados mentais de uma pessoa? Um certo indivíduo poderia ser responsabilizado pelo fato de ser inteligente ou, por outro lado, por seu grau de inteligência for mais ou menos limitado? É claro que a resposta não poderia deixar de ser negativa.
Demonstrado que determinada pessoa não pode ser levada a assumir a culpa pelo seu grau de inteligência, não pode ser ela responsabilizada por algumas escolhas feitas ao longo da vida, especialmente quando essas escolhas dependem, em maior ou menor grau de uma análise ponderada que dependa de alguma das faculdades do seu intelecto, como a agudez do raciocínio, a memória ou, enfim, qualquer outra característica que implique diretamente na sua qualidade intelectual. Em palavras mais simples, o que foi exposto acima pode ser resumido desta forma: ninguém pode ser culpado por ser burro, mesmo porque não foi essa pessoa que criou a própria inteligência. E, sendo assim, ninguém pode ser condenado – ou premiado – por ter escolhido ser católico ou protestante, evangélico, agnóstico ou ateu. Ou muçulmano ou budista. O livre arbítrio, ou seja, a escolha consciente de um indivíduo, está ligada diretamente à sua capacidade intelectual. A opção religiosa inclusive.
A proposição exposta pode provocar questionamentos. Já imagino alguém contestando com a afirmação de que, em muitos casos, a escolha religiosa não depende apenas do livre arbítrio do indivíduo e, menos ainda, de uma análise vinculada aos seus dons intelectuais. Concordo que, realmente, muitas vezes o sujeito seja levado a uma determinada prática religiosa independentemente de sua vontade. Isso acontece de forma quase natural em muitos tempos e lugares e se liga, quase sempre, aos costumes e tradições familiares responsáveis pela limitação do horizonte intelectual da pessoa. Uma argumentação desse tipo, longe de invalidar a tese da não-responsabilização pessoal pela alternativa religiosa escolhida, ainda a reforça, pelo fato de desvincular a opção do raciocínio intelectual. Nesses casos, o sujeito não é católico, evangélico ou muçulmano porque quer, mas sim, porque foi levado a sê-lo. E, dentro da sua limitação mental não encontra outra maneira de exercer a sua religiosidade a não da forma que lhe foi impingida.
A verdade é que nenhuma das religiões hoje praticadas tem a hegemonia absoluta no nosso planeta. Mesmo o cristianismo, desconsiderado o fato de estar segmentado em centenas de seitas, não é praticado pela maioria absoluta dos mortais. Deve estar, hoje em dia (dado atualizado hoje), em torno de 2,2 bilhões de seguidores (desde os fanáticos até os praticantes eventuais). Sendo o mundo atual habitado por um pouco mais de 7 bilhões de pessoas, temos que os cristãos não chegam à terça parte desse povo todo. O segundo maior grupo religioso é o dos muçulmanos, com cerca de 1,7 bilhão. Depois vêm os “sem religião” (ateus, agnósticos e assemelhados) com pouco mais de um bilhão. Se considerarmos todas as religiões orientais juntas (budismo, hinduismo, xintoísmo, taoísmo e outras) seu público passa o islamismo e chega a uns 2 bilhões de seguidores, mas mesmo assim fica abaixo do cristianismo. Seja como for, ninguém pode ser considerar “o dono da verdade” (seria Deus tão cruel a ponto de deixar a maioria dos humanos incorrerem em erro?)
Acho mesmo que Deus ainda não foi bem explicado por ninguém.

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