Domingo, 24 de março
Futeboladas
Domingo, como todos sabem,
é dia de futebol. Um esporte que, além do mais, é de uma pluralidade significativamente
abrangente. E de uma democracia sem paralelo em outras esferas. Você pode morar
no Amazonas e torcer por um time de Santa Catarina, pode morar no Mato Grosso e
torcer por um time baiano, pode morar em Goiás e torcer pelo Barcelona, tudo
bem. Ninguém contesta. O futebol é um esporte sem fronteiras.
Em todos os lugares, menos
aqui no Rio Grande do Sul. Os gaúchos são bairristas ao extremo e, em matéria
de futebol, são imbatíveis (neste sentido). Aqui não se tem uma única linha nos
jornais que não seja dedicada à dupla Ger-Nal. Às vezes sobra um espacinho para
a Seleção Brasileira. Para a imprensa gaúcha, ninguém mais existe além das
fronteiras do Rio Grande. Mas dexapralá.
É um direito deles. Não muito simpático, mas que seja.
Mas futebol também lembra
(especialmente) momentos alegres e descontraídos. Sempre proporcionados por
atletas, dirigentes e às vezes até por árbitros e etecéteras que lidam com o
“esporte das multidões”. Vamos aqui relembrar algumas pérolas dos nossos
grandes (e pequenos) futebolistas (de dentro e de fora dos gramados).
Quem viveu as décadas de 70
e 80 deve se lembrar do folclórico Vicente Mateus, presidente do Corinthians
Paulista. Ele, que costumava chamar o presidente do E. C. Bahia de Paulo
Maracujá (era o Paulo Maracajá), era uma fonte inesgotável de piadinhas, pelo
seu jeitão de caipira e pelo linguajar arrevesado. Numa excursão do timão à
Europa o dirigente comentou, numa ligação telefônica da Inglaterra: “O maior general da Inglaterra é o General
Eletric”.
A um comentarista, após um
jogo pelo Campeonato Paulista em que o Coringão foi derrotado: “Haja o que hajar, o Corinthians vai ser
campeão”.
Mas não era só o presidente
do glorioso Coringão a espalhar suas besteiras. Biro-Biro, atacante do time,
num determinado jogo foi considerado o melhor em campo e, por essa razão,
ganhou um motorrádio (pra quem não sabe, era uma espécie de rádio para
automóveis) de uma emissora radiofônica. Perguntado sobre o que faria com o
brinde, lascou: “A moto eu vou vender. E
o rádio vou dar de presente pra minha avó”.
A própria Seleção
Brasileira teve seus “astros” nesse tipo de espetáculo. O compenetrado
Mengálvio, meia do selecionado e companheiro de Pelé no Santos F. C., quando o time
canarinho excursionava pela Europa, se machucou num jogo ‘e precisou voltar
para o Brasil antes da delegação. Mandou um telegrama para a família: “Chego de surpresa dia 15, às duas da tarde,
vôo 619 da Varig”.
Os gaúchos também têm o que
comemorar nessa seara. Jardel, meia do Grêmio Porto Alegrense, recebeu um
lançamento longo numa determinada partida e, a despeito dos seus esforços, não
conseguiu alcançar a pelota, que se perdeu pela linha de fundos. Após o jogo,
comentou o lance numa emissora de rádio: “Nem
que eu tivesse dois pulmões podia alcançar aquela bola”.
O mesmo Jardel, que, ao que
parece, gostava das entrevistas radiofônicas (não havia transmissões pela TV
naqueles tempos), declarou, solene, a um repórter: ”Quando o jogo está a mil, a minha naftalina sobe”.
É claro que o futebol da
terrinha não podia ficar de fora desse festival. João Pinto, destacado jogador
do Futebol Clube do Porto, foi um dos seus protagonistas principais. Também
numa entrevista, em que se comentava a ascensão do time do Campeonato Português,
ele tascou: “O meu clube estava à beira
do precipício, mas tomou a atitude correta: deu um passo à frente”.
Ainda o João Pinto: destro
por natureza, acertou um tiro do esférico
com o pé esquerdo, marcando um golaço. Depois do jogo foi questionado e declarou:
“Não fiz nada demais. Só chutei com o pé
que estava mais à mão”.
Assim encerramos o
domingo.
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