domingo, 3 de março de 2013

Quarta-feira, 6 de fevereiro



Calígula
Anteontem fiz uma referência ao imperador romano Calígula e associei o seu cognome a “Botinha”. Deixa explicar: do latim, a língua oficial da Roma de então, o termo caligae se traduz por “bota”. Não exatamente como nos dias atuais, em que as botas estão mais para um adereço feminino (principalmente nos meses de inverno) do que para um calçado rústico com funções de proteção aos pés e canelas de homens envolvidos em atividades menos delicadas do dia-a-dia, as caligae romanas se referiam, mais exatamente, a calçados militares.
Nos primeiros anos da era cristã, o menino Caio Júlio Cesar Augusto Germânico, filho do general romano Júlio Cesar Germânico, um famoso militar que comandava as tropas romanas na Germânia Inferior (território onde hoje fica a Holanda e a parte ocidental da Alemanha), vivia os seus primeiros anos como ser humano. Essas tropas romanas ficaram estacionadas naquela região por longo tempo e o menino Caio Júlio viveu bons anos de sua infância no acampamento militar. Como não podia deixar de ser, Caio Júlio incorporou desde cedo muitos hábitos castrenses e, entre outras manias, adorava passear pelo acampamento calçando desajeitadamente as caligae do pai.
Em um dos seus aniversários, lá pelos sete ou oito anos, os soldados da legião romana, que gostavam muito do pequeno Caio Júlio, cotizaram-se e deram-lhe de presente um par de caligae adequado ao seu tamanho, calçados que mandaram fazer especialmente para o niver do pequeno. Como eram pequenas, as caligae passaram a ser calígula (no diminutivo). E Caio Júlio passou a marchar com suas calígula, soberbo e vaidoso, em infindáveis passeios pelo acampamento, não raro acompanhando as próprias manobras militares.
O apelido pegou. Caio Júlio virou Calígula. Imperador romano entre os anos de 37 e 41 d.C., Calígula veio a ser tio de Nero, aquele mais maluco ainda, que ateou fogo na Cidade Eterna.

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