Calígula
Anteontem
fiz uma referência ao imperador romano Calígula e associei o seu cognome a
“Botinha”. Deixa explicar: do latim, a língua oficial da Roma de então, o termo
caligae se traduz por “bota”. Não exatamente
como nos dias atuais, em que as botas estão mais para um adereço feminino
(principalmente nos meses de inverno) do que para um calçado rústico com
funções de proteção aos pés e canelas de homens envolvidos em atividades menos
delicadas do dia-a-dia, as caligae
romanas se referiam, mais exatamente, a calçados militares.
Nos
primeiros anos da era cristã, o menino Caio Júlio Cesar Augusto Germânico,
filho do general romano Júlio Cesar Germânico, um famoso militar que comandava
as tropas romanas na Germânia Inferior (território onde hoje fica a Holanda e a
parte ocidental da Alemanha), vivia os seus primeiros anos como ser humano.
Essas tropas romanas ficaram estacionadas naquela região por longo tempo e o
menino Caio Júlio viveu bons anos de sua infância no acampamento militar. Como
não podia deixar de ser, Caio Júlio incorporou desde cedo muitos hábitos
castrenses e, entre outras manias, adorava passear pelo acampamento calçando
desajeitadamente as caligae do pai.
Em um dos seus
aniversários, lá pelos sete ou oito anos, os soldados da legião romana, que
gostavam muito do pequeno Caio Júlio, cotizaram-se e deram-lhe de presente um
par de caligae adequado ao seu
tamanho, calçados que mandaram fazer especialmente para o niver do pequeno. Como eram pequenas, as caligae passaram a ser calígula
(no diminutivo). E Caio Júlio passou a marchar com suas calígula, soberbo e vaidoso, em infindáveis passeios pelo
acampamento, não raro acompanhando as próprias manobras militares.
O apelido pegou. Caio
Júlio virou Calígula. Imperador romano entre os anos de 37 e 41 d.C., Calígula veio
a ser tio de Nero, aquele mais maluco ainda, que ateou fogo na Cidade Eterna.
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